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Maconha e Saúde Mental

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Maconha e Saúde Mental


Como forma de justificar a manutenção do uso, os usuários de maconha geralmente se defendem alegando que a cannabis é uma substância natural e que não traz malefícios para sua saúde. Essa justificativa não é mais válida há pelo menos 7 anos. Um importante estudo publicado no British Medical Journal [BMJ. 2002 November 23; 325(7374):1119] acompanhou durante 30 anos jovens que se alistavam no exército da Suécia em 1969. Os resultados desse estudo mostraram que ao final de 30 anos de acompanhamento os jovens que fizeram uso de maconha pelo menos uma vez por semana, quando tinham entre 18 e 20 anos, tiveram duas vezes mais risco de desenvolver esquizofrenia quando comparados as pessoas que nunca fizeram uso de maconha. Também se viu que os jovens que fizeram uso de maconha mais de uma vez por semana tiveram 3 vezes mais risco de desenvolver esquizofrenia. Estudos mais recentes mostram que o risco se estende para idades mais precoces sendo a puberdade a faixa etária onde a associação entre o uso de maconha e o desenvolvimento de esquizofrenia se mostra mais freqüente. Dentro desse grupo, os jovens com história familiar de doença psiquiátrica devem ser especialmente alertados para que não façam o uso de maconha. Pessoas que experimentaram sensações desagradáveis durante o uso de maconha como desrealização (alteração da sensação a respeito de si próprio) e despersonalização (sensação de estar desligado do mundo como se, na verdade, estivesse sonhando) devem interromper o uso da droga já que nesses indivíduos o risco de esquizofrenia e outras psicoses se mostra significativamente maior que na população geral.

Dr. Daniel Bittencourt de Medeiros - Médico Psiquiatra em Jaraguá do Sul - SC
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2 comentários

  1. É interessante notar que pesquisas como a do British Medical Journal de 2002, mencionada no texto recebem pouca notoriedade nos meios de comunicação em massa. O que permite pensar que há interesse oculto em manter este tipo de informação intacta ou inoperante. Penso que como sujeitos responsáveis pela construção do meio em que vivemos, não podemos nos engessar diante do sistema. Mesmo sendo um trabalho de “formiguinha” textos esclarecedores como o que escreveste Daniel, devem ser divulgados em todos os contextos. Tens feito a tua parte nesta escrita simples, clara e precisa; da minha parte procuro divulgar, repassando este conteúdo para os meus conhecidos. Ficar atento para qualquer oportunidade e não calar-se diante das manipulações discrepantes do sistema!(marianemo@ibest.com.br - estudante de psicologia)

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  2. Em 2012 pude acompanhar vários documentários e ler alguns artigos na WEB tratando sobre o uso da maconha e sua ação direta no alívio de dores. É estonteante o quanto os órgãos de imprensa gostam de contrapor, nem que sutilmente, pesquisas como essas do British Medical Journal. Se a maconha, por exemplo, tem um efeito atenuante de certos sintomas, por que não fazer uso de outras substâncias que passaram por todo um processo de testes clínicos em animais e humanos? Fico apenas pensando no que será dos holandeses se continuarem a consumir seus "baseados", já que neste país pratica-se a descriminalização de determinados entorpecentes em doses pequenas.

    CPS - falecomcharles@uol.com.br

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